Eu sei que todo mundo começa falando que a história deles é verdadeira. Eu
não sei se é verdade, mas de fato a minha é. Eu ainda estou no colegial e se
isso torna a minha história menos verdadeira, que seja.
A alguns anos atrás a minha irmã, a minha mãe e eu nos mudamos para uma linda
casa de dois andares que a minha mãe tinha comprado. Uma amiga nossa já tinha
morado lá por um tempo, a algum tempo atrás, então nos sentíamos realmente em
casa. Alguns dias depois, antes de conseguirmos desempacotar tudo, foi o meu
aniversário de 13 anos. Nós decidimos que chamar as minha amigas para dormir em
casa ia ser uma boa, já que não tínhamos colocado nada em nenhum dos quartos,
deixando o espaço perfeito para colocar os sacos de dormir.
O dia chegou e logo eu e as minhas amigas todas estávamos nos divertindo como
nunca, contando histórias de fantasmas, para ver o quanto conseguíamos assustar
uma as outras. Já estava bem escuro e a sala tinha uma grande janela que
mostrava a rua. No meio de mais uma história de fantasma, uma das minhas amigas
começou a gritar.
Depois de acalmar ela, nós conseguimos descobrir o que era que tinha assustado
ela. Ela falou que viu uma máscara flutuando do lado de fora da janela, mas que
a mascara parecia ter olhos humanos e estavam olhando para ela. Ninguém deu
muita atenção, já que estávamos contando histórias de fantasmas. A noite
continuou quando, mais tarde, ouvimos um barulho infernal na cozinha de coisa
caindo. Parecia que alguém tinha pegado todos os nossos pratos e copos do
armário e jogado tudo no chão ao mesmo tempo. É claro que gritamos
histericamente, enquanto a minha mãe corria para a cozinha para ver o que era.
Não tinha nada no chão da cozinha, absolutamente nada! Ela nos falou que
provavelmente era só o refrigerador e voltou para o quarto dela no andar de
cima. A essa hora eu e as minhas amigas já estávamos bem assustadas.
Depois de um tempo nos acalmamos e continuamos com o nosso papo de garota. Eu
comecei a ficar bem cansada e por acaso estava olhando as bexigas na sala,
balançando para frente e para trás. Um movimento entrou no meu campo de visão e
eu vi alguma coisa voando na direção de uma das bexigas. A bexiga balançou como
se tivesse levado um tapa e depois estourou. Eu corri na direção dela esperando
encontrar algum dardo ou coisa parecida que tenha sido jogada contra a bexiga,
mas não achei nada. Não demos muita importância para aquilo e simplesmente
deixamos de lado. Pouco tempo depois ouvimos um grito aterrorizador vindo do
quarto da minha irmã. A minha mãe saiu correndo para o quarto dela e encontrou
ela do lado da porta, falando que "o demônio estava na cama dela, sorrindo com
cara de malvado para ela." A minha mãe nos falou que ela só estava vendo coisas
e que provavelmente tinha sido um sonho, mas no fundo do meu coração eu sabia
que ela realmente tinha visto algo, que tinha alguma coisa naquela casa. E isso
era só o começo, a casa tinha muito mais surpresas guardada para nós.
Alguns dias depois eu comecei a perceber que a casa tinha algo de estranho
mesmo. Coisas sumiam e geralmente encontrávamos elas no quintal. Ouvíamos passos
no corredor a noite inteira. Cortinas eram puxadas e se soltavam, e o meu rádio
que tinha um sensor de movimento sempre ligava sem motivo aparente nenhum. Então
a minha irmã e eu começamos a ver coisas.
Um noite eu estava para dormir quando eu notei uma mulher sentada na beirada da
minha cama. Ela estava com uma camisola antiga e tinha longos cabelos negros
cacheados. Ela era absolutamente maravilhosa, o único problema é que ela não era
humana. Ela tinha um tom de pele meio azulado e soltava um leve brilho. Eu
fiquei realmente assustada, então eu fiz o que qualquer garota da minha idade
faria, eu coloquei a cabeça em baixo da coberta e dormi.
Alguns dias mais tarde, eu estava descendo a escada e para a minha completa
surpresa eu vi um garoto parado na sala. Ele era bem parecido com a mulher que
sentou na minha cama, com o mesmo tom de pele e o brilho fraco, só que ele
estava de tênis, meias que subiam até o joelho, uma bermuda, uma blusa de mangas
compridas, um balde com alguns livros dentro e usava óculos. Ele parece ter me
visto e saiu correndo pela porta da frente, mas ela estava fechada! Ele
simplesmente a atravessou.
A minha irmã também me falou que viu de novo o homem que ela achou que fosse um
demônio, e ela falou que via ele freqüentemente. Finalmente nos mudamos de lá e
alugamos a casa para outras pessoas. Umas das pessoas que se mudou para lá tinha
uma filha da minha idade, que acabou virando minha amiga e geralmente ela me
falava das coisas que ainda aconteciam lá. Agora a minha mãe está pensando em se
mudar de volta para lá, e eu estou morta de medo. Eu realmente não quero voltar
para aquela casa.
Renata - São Paulo - S.P.